segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Devaneio Geológico

Tudo bem, eu sei que o petróleo e o carvão mineral foram formados a partir principalmente das florestas da era carbonífera, há muito tempo atrás (não, não me perguntem como é que eu sei esse tipo de coisa...).

O próprio nome – carbonífera – vem desse fato. A era das samambaias e aranhas gigantes ganha este nome porque estas samambaias e aranhas, depois de mortas, engolidas e digeridas por nosso planeta, viram um líquido preto e viscoso muito importante para a economia de uma sociedade de primatas que surge uns 400 milhões de anos depois.

(Também sabemos que os tais primatas já derramaram muito sangue por conta desses cadáveres de samambaias e aranhas...)

Mas não seria mais poético se o petróleo fosse feito dos dinossauros?

Queimaríamos dinossauros para locomover nossos veículos...

Será que uma ida e volta ao trabalho consumiria um dedo de tiranossauro? Talvez o dedão, no caso de um trajeto mais longo – ou de um engarrafamento.

E o plástico dos CDs que alegram nossos ouvidos durante o trajeto? Teriam vindo eles de um chifre de triceratops?

Quantos dinossauros arderam no forno da siderúrgica para fazer as vigas de nossos arranha-céus?

O nylon da bermuda do surfista: Carnívoro ou herbívoro? Grande ou pequeno? Com dentes, escamas, ossos protuberantes, pele rugosa? De que cor, que tom de verde ou marrom?

Talvez um daqueles com grandes olhos, quase maternais, como nas ilustrações dos livros infantis?

Estranho o fascínio que temos por animais que nunca ninguém viu (ah, o cheiro de um dinossauro!), mas que povoam nossa imaginação. Ora raivosos, ora patéticos, solitários ou em grandes manadas, talvez vejamos neles um espelho distorcido de nós mesmos... Poético seria se nossa modernidade estivesse ligada aos monstruosos e simpáticos lagartos.

Mas não.

O couro falso dos bancos acolchoados...

Os cartões de crédito...

Os invólucros das canetas Bic...

O napalm queimando a menina vietnamita...

As teclas que meus dedos espancam para fazer esse texto...

Apenas samambaias e aranhas.